Key Biodiversity Areas

Parque Nacional da Lagoa do Peixe (20232)
Brazil, South America

Site overview


KBA status: confirmed
Global KBA criteria: D1a
Year of last assessment: 2006
National site name: Parque Nacional da Lagoa do Peixe
Central coordinates: Latitude: -31.2333, Longitude: -50.9500
System: marine, terrestrial
Area of KBA (km2): 367.12776
Protected area coverage (%): 99.93
KBA classification: Global
Legacy site: Yes

Site details


Site description: Essa unidade de conservação costeira situa-se no litoral médio do Rio Grande do Sul, ao longo da estreita península arenosa que separa a laguna dos Patos do oceano Atlântico, conhecida como restinga de São José ou península de Mostardas. Uma laguna rasa e salina (lagoa do Peixe), de características únicas no contexto da costa brasileira, está inteiramente inserida no parque. Variações sutis no nível da água da laguna ou na direção e intensidade dos ventos expõem extensos bancos de lodo, utilizados por aves costeiras como áreas de alimentação. A laguna também apresenta grande importância como abrigo e área de reprodução para uma variada gama de organismos marinhos e estuarinos (e.g., crustáceos e peixes). A ligação da Lagoa do Peixe com o mar é intermitente e se dá pelo rompimento da barra, que antigamente ocorria somente de forma natural, mas hoje é feita artificialmente durante o inverno, para garantir a alta produtividade primária das águas. Além do ambiente lagunar, o parque inclui banhados de água doce, marismas (banhados salobres), campos úmidos, alagados temporários, matas de restinga e paludosas, dunas móveis e fixas e um extenso segmento de praia oceânica. Na região da barra existe uma pequena comunidade de pescadores artesanais dedicados à pesca de camarão. No entorno da unidade de conservação são desenvolvidas principalmente a silvicultura e a pecuária extensiva.
Rationale for qualifying as KBA: This site qualifies as a Key Biodiversity Area of international significance that meets the thresholds for at least one criterion described in the Global Standard for the Identification of KBAs.
Additional biodiversity: A Lagoa do Peixe constitui um dos mais espetaculares refúgios para aves migratórias em toda a costa leste da América do Sul. Várias espécies limícolas oriundas do sul do continente ou da região neártica congregam-se em números significativos nessa área, ali invernando ou realizando escala durante suas migrações até regiões mais austrais. Pelo menos seis espécies migratórias concentram-se na área em números que excedem 1% de suas populações biogeográficas. A concentração de Sterna hirundo (trintaréis- boreal) é a maior da costa gaúcha. Tryngites subruficollis (maçarico-acanelado), espécie quase ameaçada com população global reduzida, tem nos campos úmidos à volta da Lagoa do Peixe um de seus principais sítios de invernagem em escala mundial. A área também é o principal ponto de parada para repouso e ali mentação de Calidris canutus (maçaricode- papo-vermelho) no Brasil. Por sua importância para as aves migratórias, a Lagoa do Peixe foi incluída na Rede Hemisférica de Reservas para Aves Limícolas, em 1991, e reconhecida como Sítio Ramsar em 1993. Adicionalmente, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe abriga um grande número de espécies limícolas e aquáticas residentes, além de uma das duas únicas populações de Porzana spiloptera (sanã-cinza) conhecidas no Brasil.

Habitats


IUCN HabitatCoverage %Habitat detail
Wetlands(Inland)100

Threats


Summary of threats to biodiversity at KBA: A situação fundiária do parque está apenas parcialmente regularizada. As áreas com ocupação humana incluem não só a pequena comunidade de pescadores artesanais estabelecidos junto à barra, que aumenta durante a safra do camarão com o afluência de pescadores temporários, mas também casas de veraneio construídas após criação do paruqe, sobretudo na área conhecida como Talha-mar. O gado está presente em muitos setores, mas não se sabe até que ponto sua presença aumenta as áreas de hábitat favorável a Tryngites subruficollis. Talhões de pínus, estabelecidos antes da criação da unidade de conservação, ainda permanecem em seu interior e são fonte para a disseminação espontânea dessa conífera exótica, que já invade grandes áreas do parque. Outros problemas incluem o trânsito de veículos na praia e através da Lagoa do Peixe, a pesca predatória na faixa de oceano abrangida pelo parque, a caça clandestina e a drenagem de áreas úmidas para o cultivo de arroz.

Additional information


References: Harrington et al. (1986); Leonardo V. Mohr in litt. Nascimento (1995); Morrison & Ross (1989); Lara-Resende & Leeuwenberg (1987); Belton (1994); Lanctot et al. (2002); BirdLife International (2000); Bencke et al. (2003); Hays et al. (1997); Maurício & Bencke (2000); Barnett et al. (2004); Scherezino B. Scherer (verb.).