Murici (20102)
Brazil, South America
Site overview
KBA status: confirmed
Global KBA criteria: A1a, A1b, A1d, A1e, B2
Year of last assessment: 2018
National site name: Murici
Central coordinates: Latitude: -9.1833, Longitude: -35.8833
System: terrestrial
Elevation (m): 0 to 585
Area of KBA (km2): 164.03481
Protected area coverage (%): 38.95
KBA classification: Global
Legacy site: Yes
Site details
Site description: Murici está situada nos contrafortes orientais do Planalto da Borborema, a cerca de 40 km da costa, no nordeste de Alagoas. Compreende florestas semiúmidas de altitudes intermediárias, mantidas pelos ventos carregados de umidade que sopram a partir do oceano Atlântico. Entre as árvores mais comuns em Murici estão Byrsonima sericea (murici), Eschweilera ovata (embiriba), Didymopanax morototoni (sambacuim), Parkia pendula (visgueiro), Tapirira guianensis (cupiuba), Himathanthus phagaedenicus (banana-de-papagaio), Bowdichia virgilioides (sucupira) e Cupania platycarpa (cabotã). O hábitat remanescente é bastante limitado e fragmentado, estando atualmente concentrado em áreas de topografia acidentada. Em 2000 restavam pouco mais de 7.000 ha de florestas distribuídas em quatro blocos principais, o maior deles incluindo as fazendas Pedra Branca (localidade-tipo de Philydor novaesi, Myrmotherula snowi, Terenura sicki e Phylloscartes ceciliae) e Bananeiras. A Estação Ecológica de Murici, criada em 2001, protege parte da floresta remanescente na área e tem cerca de 50% de sua superfície ainda coberta por floresta.
Rationale for qualifying as KBA: This site qualifies as a Key Biodiversity Area of international significance that meets the thresholds for at least one criterion described in the Global Standard for the Identification of KBAs. Alliance for Zero Extinction (2018): site confirmed as an AZE site during the AZE project (2015-2018). Taxonomy, nomenclature and Red List category follow the IUCN 2016 Red List.
Additional biodiversity: Murici foi palco da descoberta de quatro espécies de aves endêmicas das florestas montanas do nordeste do Brasil, ao norte do rio São Francisco, todas descritas somente a partir de 1983. As matas de Murici abrigam mais espécies restritas a essas florestas do que qualquer outra área já amostrada na Mata Atlântica nordestina. Até recentemente, Murici permaneceu a única área de ocorrência conhecida das espécies criticamente ameaçadas M. snowi (choquinha-de-alagoas) e P. novaesi (limpa-folha-do-nordeste). Embora ambas tenham sido subseqüentemente encontradas em outras localidades (apenas uma no caso de P. novaesi), Murici continua sendo a áreainstalada chave para a conservação dessas espécies. O monitoramento contínuo da avifauna ameaçada na área tem revelado a presença de M. snowi e P. novaesi somente no maciço florestal que inclui a Fazenda Bananeira, na parte norte da estação ecológica. O macuco (Tinamus solitarius), espécie quase ameaçada e muito visada por caçadores, hoje parece subsistir em Alagoas somente nas matas de Murici.
Threats
Summary of threats to biodiversity at KBA: Embora Murici seja há muito reconhecida como uma das áreas mais importantes para a conservação de aves ameaça das em toda a Região Neotropical, e apesar da recente criação da estação ecológica, as matas da região continuam sendo devastadas. A área sofreu intenso impacto devido à substituição das florestas nativas por plantações de cana-deaçúcar e, mais recentemente, por pastagens. Atualmente, os impactos mais importantes são os desmatamentos em pequena escala para a ampliação de áreas de cultivo ou pastos, o corte de florestas para produção de carvão vegetal, a extração ilegal de madeira, os incêndios que se alastram a partir das plantações vizinhas, a caça predatória e a captura de aves para o comércio de fauna silvestre. A presença de acampamentos de agricultores sem-terra nas proximidades da mata representa um elemento de pressão adicional sobre os remanescentes florestais de Murici.
Additional information
References: Teixeira & Gonzaga (1983); Whitney & Pacheco (1995); SNE (2000); BirdLife International (2000); Collar et al. (1992); Weber A. de Girão e Silva (in litt.); Silveira et al. (2003a); Silveira et al. (2003b); Wege & Long (1995); Calazans (1996); Almeida & Teixeira (1996); Goerck (2001); Buzzetti & Barnett (2003); Whitney & Bevier (2003); Amaral & Silveira (2004); José Fernando Pacheco (verb.); Sônia A. Roda (in litt.).