Serra da Bocaina / Paraty / Angra dos Reis (20221)
Brazil, South America
Site overview
KBA status: confirmed
Global KBA criteria: A1a, A1b, A1d, A1e, B1, B2
Year of last assessment: 2018
National site name: Serra da Bocaina / Paraty / Angra dos Reis
Central coordinates: Latitude: -23.1500, Longitude: -44.7667
System: terrestrial
Elevation (m): 0 to 2200
Area of KBA (km2): 1590.10599
Protected area coverage (%): 67.60
KBA classification: Global
Legacy site: Yes
Site details
Site description: Essa extensa área compreende a planície costeira em torno da baía da Ilha Grande, no litoral sul-fluminense, bem como os maciços montanhosos circunvizinhos ao longo da divisa entre o Rio de Janeiro e São Paulo, que fazem parte das serras do Mar e da Bocaina. Em razão do amplo gradiente altitudinal que abrange, a área possui grande variação de clima e relevo, incluindo desde praias arenosas e florestas litorâneas de baixada, sujeitas a um clima tropical superúmido, até matas com araucária e campos de altitude nas partes mais altas da Serra da Bocaina, onde chega a nevar no inverno. Os limites da área abrangem as baixadas ainda florestadas de Paraty e Angra dos Reis (para leste até além dos vales dos rios Florestão e Ariró), o Parque Nacional da Serra da Bocaina, exceto a sua porção paulista que se sobrepõe ao Parque Estadual da Serra do Mar, em Ubatuba, e os altiplanos desprotegidos da Serra da Bocaina, no sul dos municípios de Bananal e São José do Barreiro. Os principais hábitats são manguezais, restingas, floresta ombrófila densa aluvial, submontana, montana e alto-montana, e campos de altitude, acima dos 1.800 m.
Rationale for qualifying as KBA: This site qualifies as a Key Biodiversity Area of international significance that meets the thresholds for at least one criterion described in the Global Standard for the Identification of KBAs. Alliance for Zero Extinction (2018): site confirmed as an AZE site during the AZE project (2015-2018). Taxonomy, nomenclature and Red List category follow the IUCN 2016 Red List.
Additional biodiversity: A avifauna da área figura entre as mais representativas e diversificadas da Mata Atlântica. Cerca de 57% das espécies endêmicas desse bioma ocorrem na região, o mais alto percentual encontrado entre as IBAs já identificadas. A área também suporta o maior conjunto de espécies da EBA075 (Floresta Atlântica de Planície) – equiparando-se a Santa Teresa (ES02) – e um dos maiores da EBA076 (Floresta Atlântica Montana), qualificandose duplamente pelo critério A2. Uma das aves endêmicas, Formicivora erythronotos (formigueiro-de-cabeça-negra), é exclusiva da área e está inteiramente restrita à estreita faixa costeira ao redor da baía da Ilha Grande, aproximadamente entre o vale do rio Taquari (Paraty), no P. N. da Serra da Bocaina, e o rio Ariró, em Angra dos Reis, com as maiores densidades ocorrendo nessa última localidade e em Mambucaba. A notável diversidade da avifauna (há registros de mais de 420 espécies) deve-se em parte à existência de um gradiente altitudinal completo na área, onde estão presentes desde aves típicas das baixadas quentes, como F. Erythronotos, Tangara peruviana (saíra-sapucaia) e as subespécies endêmicas Amazilia fimbriata tephrocephala (beija-flor-degarganta- verde) e Hylophilus t. thoracicus (vite-vite), até espécies de distribuição estritamente alto-montana, como Drymophila genei (choquinha-da-serra), Piprites pileata (caneleirinho-de-chapéu-preto) e Tijuca atra (saudade). O amplo gradiente de altitude também oferece oportunidade à ocorrência de casos de substituição altitudinal envolvendo várias espécies congenéricas, como acontece com o gênero Drymophila, com cinco representantes na área, todos endêmicos da Mata Atlântica. No limite sul da área, o maciço do Cairuçu projeta-se em direção ao mar na divisa Rio de Janeiro–São Paulo e atinge até 1.000 m de altitude, potencialmente atuando como barreira geográfica à dispersão de espécies que se distribuem ao longo da planície costeira mas não ocorrem ao sul de Paraty, como Veniliornis maculifrons, Thamnophilus palliatus, F. erythronotos, H. thoracicus e Saltator maximus. Tal descontinuidade na avifauna justifica a separação da área em relação às florestas adjacentes em Caraguatatuba e Picinguaba (SP02), apesar da continuidade de hábitat que existe ao longo das serras litorâneas. A menção de Touit melanonotus (apuim-de-costas-pretas) para a localidade de Pedra Branca, Paraty, resulta de uma interpretação errônea do registro existente para o parque estadual homônimo, situado no município do Rio de Janeiro, e deve ser desconsiderada.
Habitats
| IUCN Habitat | Coverage % | Habitat detail |
|---|---|---|
| Forest | 100 |
Threats
Summary of threats to biodiversity at KBA: A contínua perda de hábitat ocasionada pelo crescimento da infraestrutura turística e das residências de veraneio na planície costeira é a principal ameaça às aves típicas das baixadas litorâneas, especialmente F. erythronotos. O problema é agravado pela inexistência de unidades de conservação que contemplem áreas de planície ao nível do mar. No restante da área, as ameaças são a descaracterização da vegetação nativa, os desmatamentos para o plantio de banana, a exploração ilegal de palmito e a caça predatória.
Additional information
References: Buzzetti (2000); Wege & Long (1995); Pacheco (1988b); BirdLife International (2004); Mendonça & Gonzaga (2000); Pacheco et al. (1997); Collar et al. (1992); Berla (1944); Galetti et al. (1997a); Sick (1997); Buzzetti (1998); Vasconcelos et al. (2003b).